
Entrevista com Waldeck Ornelas: A importâncias das Carrancas no médio São Francisco.
Sobre o entrevistado:
Waldeck Ornélas, constituinte de 1988, atuou na subcomissão de Municipios e Regiões. Natural de Ipiaú – Bahia, é bacharel em direito pela UFBA e especialista em planejamento urbano-regional pela Universidad Nacional de Ingeníeria, Lima – Peru, onde foi bolsista da OEA.
- Foi secretário de planejamento, ciências e tecnologia da Bahia (1982 – 1986 e 1991 – 1994);
- membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano e do Conselho Nacional de Meio Ambiente;
- ministro da Previdência e Assistência Social (1998 – 2002).
- Na Politica foi deputado federal (1987 – 1991 e 1991 – 1995)
- Senador (1995 – 2003).
- Coordenou o Plano de Desenvolvimento Urbano de Porto Seguro-Cabrália; foi coordenador técnico do PLANDURB, que marcou a retomada das atividades de Planejamento Urbano em Salvador – Bahia (1975-977);
- Criou o programa de Ocupação Econômica do Oeste Baiano (1980) e
- Coordenou o Programa de Recuperação do Pelourinho, Centro Histórico de Salvador (1992 – 1994)
- Sempre Propugnou pelo desenvolvimento do Vale do Rio São Francisco e do Nordeste brasileiro, Sendo autor do Projeto S.O.S São Francisco (que tinha sob principal objetivo a recuperação, preservação e conservação da Bacia do Rio São Francisco).
A Entrevista
O senhor poderia nos contar um pouco de sua história com as cidades do médio São Francisco e suas carrancas?
Meu primeiro contato com o Vale do São Francisco deu-se em 1974, quando vim, coordenando uma equipe técnica da Secretaria do Planejamento, realizar um estudo sobre a Região Administrativa de Santa Maria da Vitória – o primeiro que o Estado fazia na região do então Além São Francisco.
A partir daí foi uma vinculação constante, que culminou em 1980, quando propus o Programa de Ocupação Econômica do Oeste – base do polo de grãos atual – lançado pelo governador Antônio Carlos Magalhães, com a transferência simbólica da capital do Estado para Barreiras. A própria mudança de “Além São Francisco” para “Oeste” foi uma proposta minha. Destaco aqui, também, o meu trabalho para a implantação e pavimentação da ligação Correntina-Posse, eixo fundamental para o desenvolvimento dessa vasta sub-região.
Desde então, a carranca passou a ser para mim um símbolo da defesa do médio São Francisco que, depois de encerrada minha vida pública, materializei na criação do SOS Velho Chico.
Qual a importância da cultura da Carranca e de Guarany para a região?
A Carranca é, talvez, o elemento cultural mais emblemático e simbólico do Velho Chico. No passado, presa à proa das embarcações – o que deverá voltar um dia, quando a navegação for restabelecida – hoje um elemento de identidade cultural da região.
Meu primeiro contato com o Vale do São Francisco deu-se em 1974, quando vim, coordenando uma equipe técnica da Secretaria do Planejamento, realizar um estudo sobre a Região Administrativa de Santa Maria da Vitória – o primeiro que o Estado fazia na região do então Além São Francisco.
A partir daí foi uma vinculação constante, que culminou em 1980, quando propus o Programa de Ocupação Econômica do Oeste – base do polo de grãos atual – lançado pelo governador Antônio Carlos Magalhães, com a transferência simbólica da capital do Estado para Barreiras. A própria mudança de “Além São Francisco” para “Oeste” foi uma proposta minha. Destaco aqui, também, o meu trabalho para a implantação e pavimentação da ligação Correntina-Posse, eixo fundamental para o desenvolvimento dessa vasta sub-região.
Desde então, a carranca passou a ser para mim um símbolo da defesa do médio São Francisco que, depois de encerrada minha vida pública, materializei na criação do SOS Velho Chico.
Qual a importância da cultura da Carranca e de Guarany para a região?
A Carranca é, talvez, o elemento cultural mais emblemático e simbólico do Velho Chico. No passado, presa à proa das embarcações – o que deverá voltar um dia, quando a navegação for restabelecida – hoje um elemento de identidade cultural da região.

Foto: Carranca da Barca Minas Geraes (autor: Marcel Gautherot).
Para o senhor, a Carranca está conectada com a história do Povo de São Félix do Coribe e região? Por quê?
A presença marcante de Guarany como o mais importante carranqueiro e, hoje, de João Souza – o “João da Carranca”, seu fiel seguidor, marca esta área como a mais representativa da tradição e da herança do artesanato de carrancas no Vale do São Francisco.

Foto: Francisco Biquiba de Lafuente Guarany (autor Desconhecido)
Qual a importância de se resgatar e preservar esses valores artísticos e culturais?
Patrimônio cultural nunca deve ser perdido. No caso do artesanato da carranca não pode ser abandonado. Por isso abraço a proposta do arq. Bruno Wildberger, de promover o tombamento da carranca como bem material do nosso país.
São poucos os artesãos que a produzem no presente, mas felizmente ainda há tempo e condições para promover o seu resgate e preservação. O SOS Velho Chico realizou, em 2003, um estudo completo sobre o artesanato de carrancas no Vale do Rio São Francisco, oferecendo subsídios importantes para que ações neste sentido possam ser realizadas.
Minha sugestão é que os municípios barranqueiros nos quais existem artesãos produtores de carrancas deem-lhes todo o apoio necessário e promovam a realização de cursos de formação, para incentivar o surgimento de novos discípulos, ajudando a preservar a cultura da carranca.
O que o Senhor achou da iniciativa de se ter uma praça que homenageasse a cultura da Carranca em São Félix do Coribe?
Uma iniciativa inteligente e criativa, da Prefeitura e do Arquiteto, criando um ícone para a cidade. Muitas de nossas cidades passam inteiramente despercebidas por não valorizarem aquilo que as destacaria. São Felix do Coribe passa a ser agora, sob esse aspecto, uma referência nacional.
Cabe, agora, capacitar pessoas, principalmente jovens, para a produção artesanal de carrancas, de preferência na mesma linhagem de Guarany, para preservar e valorizar esse importante elemento cultural.

Foto: Salão de Eventos da Futura Praça das Carrancas (Autor: B.W Arquitetura & Urbanismo)
O Sr. Acredita que o novo projeto poderá estimular o turismo e a economia local?
Sim, na medida em que a cidade se promova em torno do tema. Por exemplo, proclamando-se a “cidade das carrancas”. Eu mesmo, tão logo possa, faço questão de ir conhecer a nova praça.
O que o senhor achou de ter na nova praça, um pavilhão dedicado a feiras e exposições e um mercado de artesanato que incentive a produção e comercialização artística na cidade?
São complementos importantes e indispensáveis para dinamizar e fortalecer a economia local, organizando os produtores em geral, os carranqueiros em particular, criando um espaço diferenciado para comercialização e valorizando a identidade local.
Não basta atrair visitantes curiosos e interessados, é preciso oferecer a eles a oportunidade de permanecerem e consumirem na cidade, com hospedagem, alimentação e compras. O pavilhão de feiras e o mercado de artesanato cumprem este importante papel.


Foto: Imagens do Futuro Pavilhão e Mercado de Artesanato da Futura Praça das Carrancas (Autor: B.W Arquitetura & Urbanismo)
A carranca deveria ser tombada como um patrimônio histórico e cultural do Município? porque?
Além do tombamento nacional, já pedido ao IPHAN, é de toda conveniência que haja um tombamento local. Assim, São Felix do Coribe assume a liderança desse trabalho e desse processo.
Com todo este trabalho de fomento em torno das carrancas do São Francisco e sua visibilidade, o senhor acredita que o município pode adquirir novos incentivos?
A criação de uma identidade, o abraço a uma bandeira – no caso, a carranca – abre amplo espaço para que o município possa fortalecer a sua economia e construir uma rota para o seu desenvolvimento.
E após estas iniciativas, como o senhor imagina uma São Félix do Coribe no futuro?
Vejo com satisfação que São Felix do Coribe está buscando sair do anonimato para ocupar um lugar de destaque dentre os municípios brasileiros. A construção de uma identidade, com base na cultura da carranca, é algo que promove a autoestima do seus povo e serve de base para o desenvolvimento socioeconômico.
Além do tombamento nacional, já pedido ao IPHAN, é de toda conveniência que haja um tombamento local. Assim, São Felix do Coribe assume a liderança desse trabalho e desse processo.
Com todo este trabalho de fomento em torno das carrancas do São Francisco e sua visibilidade, o senhor acredita que o município pode adquirir novos incentivos?
A criação de uma identidade, o abraço a uma bandeira – no caso, a carranca – abre amplo espaço para que o município possa fortalecer a sua economia e construir uma rota para o seu desenvolvimento.
E após estas iniciativas, como o senhor imagina uma São Félix do Coribe no futuro?
Vejo com satisfação que São Felix do Coribe está buscando sair do anonimato para ocupar um lugar de destaque dentre os municípios brasileiros. A construção de uma identidade, com base na cultura da carranca, é algo que promove a autoestima do seus povo e serve de base para o desenvolvimento socioeconômico.
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Bruno Wildberger é Arquiteto, Urbanista e Corretor Imobiliário
Com Especialização em Gestão de Projetos.